O Natal de Jesus anuncia o novo homem e a nova criação

O advento do nascimento de Jesus move a história da redenção através do amor de Deus e nos convida a refletir sobre aspectos básicos da nossa fé em Cristo

Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. (Mateus 1.18)

Imagem ilustrativa: A Criação do Homem (2017), de Natalie Lennard.

Advento origina-se do latim adventus, que traduzido significa chegada ou vinda. O advento do nascimento de Jesus move a história da redenção através do amor de Deus e nos convida a refletir sobre aspectos básicos da nossa fé em Cristo: sua encarnação, sua presença entre nós por meio do Espirito Santo, sua morte e ressureição e a sua segunda vinda – esperança da glória.

Falar do nascimento de Jesus é falar do propósito restaurador da criação e da nossa participação nesse propósito. É lembrar de quando Deus, em Jesus, se fez homem, ele habitou entre nós através do mistério da encarnação. É lembrar que quando Deus se tornou humano como um de nós surgiu a possibilidade de nos tornarmos semelhantes a ele: “o Verbo se fez carne” (João 1, 14).

Esta integração da relação entre o ser humano e Deus está presente em nós pela imago Dei, que deseja o bem-estar de todas as espécies porque somos criados à imagem e semelhança de Deus e porque somos chamados para administrar a Terra e tudo o que nela há. Isso é o advento.

O tempo, os dias que passam e espaços geográficos modificados têm sido os grandes aliados que nos alertam a pensar sobre a nossa relação natalina com o meio e o espaço no qual vivemos, dentro do qual o ser humano é educado para ser uma nova criatura em Cristo e que seja o agente que transforma a criação em renovação.

Nesse sentido, o advento do Cristo em nós, por meio do Espirito Santo, e a nossa missão, abarcam tudo o que é a vida, ou seja, todos os aspectos da existência humana e da criação, incluindo o meio ambiente e tudo o que nele há. Na encarnação do Filho, Deus, o Pai, chama para si, mais uma vez, a prerrogativa da criação – re-criação, e Deus Espírito se derrama sobre todos como quem paira novamente sobre a face do abismo. “Gloria Dei, vivens homo”, a glória de Deus é o homem em plenitude. O próprio Jesus nos exorta a entendermos que Ele veio para que tenhamos vida e que atenhamos em abundância (Jo 10,10).

O mistério da encarnação do Filho de Deus revela o homem ao homem. Importante lembrar que Maria era apenas mais uma das Maria entre tantas outras Marias. Ao ser escolhida, deixa de ser mais uma e se torna a Maria – a bem-aventurada que carregou em seu ventre o humano sem pecado, aquele que recriaria através do seu amor a humanidade dantes perdida em seus pecados.

“Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do SENHOR. E deleitar-se-á no temor do SENHOR; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos. Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com equidade aos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio, e a justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins”. (Is 11,1-5).

Não temos nada mais permeado do advento que os versículos acima, mas pelo fato de termos sido criado para vivermos em comunidade de humanos, lado a lado, negligenciamos a mesma relação de proximidade com outros seres na criação. Deveríamos ser conduzidos a uma hermenêutica natalina, na interpretação usual, em que o próximo sempre vem definido como uma pessoa, educando os seres humanos para a consciência, o cuidado e o respeito que todos devemos ter pela criação, como parte da agenda natalina ministerial.

A misericórdia graciosa de Deus é dinâmica sinérgica. Sinergia ou funcionamento em conjunto como uma parceria na qual o Criador instrui, infunde e inspira a criatura com aquele objetivo original da existência humana, ou seja, a participação humana cheia do Espirito Santo. Um dos postulados de Armínio diz que a salvação vai acontecendo quando o ser humano se sujeita à graça de Deus. A graça alcança a criação. E, a Terra, antes amaldiçoada pelo pecado, agora é restaurada pela Graça, isso inclui o humano.

O Natal de Jesus Cristo anuncia que novo homem está entre nós.

Imagem ilustrativa: A Criação do Homem (2017), de Natalie Lennard.

Nota: Texto de Ângela Maringoli, integrante do GT Teológico do movimento Renovar Nosso Mundo, doutora em ciências da religião, fundadora da OIKOS – Escola para a Vida, autora de “Teoambientologia – Um desafio para a teologia”.

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