Bruno landim: mais sobre a história e seu projeto no sul do país
Introdução
Quando Bruno, formado como como professor de educação física, membro da Igreja Presbiteriana de Maringá, começou a estudar e a ver que tantos cristãos há tantos anos já estavam nessa caminhada, ele falou: “gente, onde eu estava onde eu estava que eu não vi nada disso, né?” Ele diz querer ter começado muito antes e agora está “correndo atrás do prejuízo!”. Apesar de não ser muito focado, é muito comprometido e quando começa alguma coisa, quer terminar logo.
perguntas
como é seu projeto e como concilia profissão?
A gente tem uma missão em Florianópolis. É um hostel, mas é um hostel evangelístico, nessa função de pregar o evangelho para todo mundo no mesmo lugar, né? Então a gente recebe pessoas lá, já recebemos mais de 35 nações diferentes lá e fazemos cultos lá também e eu sempre consegui conciliar.
Eu construí um estúdio nos fundos do hostel, então eu trabalhava como personal trainer nos fundos ali, em algum tempinho que sobrava, e o resto a gente ficava cuidando ali do hostel e fazendo os cultos , mais evangelismo, de relacionamento a curto prazo e impacto. Essa mistura nesse ambiente de praia, com muita gente que fala espanhol.
A gente decidiu começar o projeto nas ilhas de São Francisco mais ou menos na época da pandemia. Meus pais moram nessa ilha, onde a gente começou o projeto. Então eu fui obrigado a abandonar a profissão porque não tinha como conciliar. Não tinha como continuar aqui e continuar atendendo meus alunos. Aí eu passei meus alunos pro outro professor, que inclusive atende no mesmo estúdio lá, mas agora não ganho mais nada com isso. Estou na missão integral.
Como funciona a rotina familiar nas ilhas?
É, eu estou tendo que dar aula para minha filha em casa, porque lá a gente não tem acesso à escola, né? Até tem um barco que passa a pegar as crianças, mas eu ainda não estou muito seguro para soltar ela, com 5 anos num barco, 6 horas da manhã com pessoas que eu não conheço. Aí eu estou dando aula em casa para ela.
Como foi o processo até chegar onde está?
Eu nasci numa família cristã, em Rondônia, na Amazônia, literalmente. Então, desde pequenininho meu pai me levava para caçar com ele. Cresci numa comunidade muito afastada, estava recém iniciando a cidade. A gente morava ainda mais para área periférica, então eu cresci nesse ambiente.
Eu acho que essa essa memória afetiva do relacionamento com a natureza foi algo que sempre ficou muito marcado para mim. Só que eu nunca gostava de da parte de matar os bichos, né? Então eu acho que esse relacionamento com a com a natureza é criado. Tudo isso começa muito cedo em mim.
Quando eu tinha uns 10 anos, meu pai comprou de um de um pescador um pedacinho de terra nessa ilha e construiu um barraquinho ali pra ele ir pescar de vez em quando, porque eles tinham essa tradição lá em Rondônia. É lugar onde você não tem nem documento, nada. É só para ir pescar. E eu cresci vindo para esse lugar. Conheci, conheço e conhecia desde pequenos moradores. É, sei de todas as histórias de todo o mundo, e esse relacionamento sempre foi muito afetivo pra mim. Eu sempre tirava férias em vez de ir para algum lugar.
E a gente começou a se entristecer no momento que a comunidade começou a não ter condição de se sustentar. Isso começou a ficar muito triste pra mim. Comecei a ver famílias indo embora, crianças que eu brincava quando era pequeno. E, de repente, essas crianças cresceram como eu, mas tiveram que ir para a cidade. Um morreu por tiro, o outro foi para as drogas, as meninas foram para a prostituição. Situação que agora piorou mais ainda.
E aí eu comecei a ver tudo isso acontecendo. Eu comecei a perguntar, espera aí, por que eles estão indo embora? O que está acontecendo, né? Por que a gente não está conseguindo mais viver nas ilhas? E aí a gente foi vendo que o resultado da construção da hidrelétrica ali estava prejudicando muito eles. Mesmo pagando a indenização, a população não sabia administrar. Então, iam embora pra cidade compravam uma casa lá e achavam que a vida seria melhor.
A gente começou orar por essa comunidade para pessoas e começamos a falar com outros. E aí a gente perguntou a Deus: o que que a gente faz? Como é que a gente muda a vida dessas pessoas?
Bom, a gente muda com o evangelho, não é? Então como é que a gente traz o evangelho para esse lugar? A gente precisa trazer uma igreja para cá. Tá, mas como vai ser essa igreja, como vai ser uma igreja numa região onde as pessoas têm total dependência da questão ambiental? A gente tem que começar a pensar o que Deus tem a ver com a questão ambiental!
a Ecovila é de fato uma vila ecológica?
Quando a gente pensou em colocar Ecovila era porque que é uma vila afinal. É um ajuntamento de pessoas numa mesma região, que se relaciona. Uma vila de pescadores. Ali a gente tem uma dinâmica um pouco diferente, porque as famílias ficam um pouco afastadas por conta das ilhas, mas todo mundo se conhece, todo mundo se ajuda, todo mundo se relaciona. Todos sabe quem é filho de quem. Então existe esse relacionamento como uma vila de fato, apesar de ter um pouco mais de distância entre as casas.
Quando a gente pensou e sonhou com o nome Ecovila era porque a gente sonhava com uma transformação na vila já existente para que a vila que já existe se torne eco, que assuma uma postura ecológica e de relacionamento mediante a palavra de Deus, com a natureza.
Então a nossa ideia não era criar um condomínio, como é a maioria das Ecovilas, um condomínio de pessoas conscientes ecologicamente, ficar ali um gueto ecológico. Mas, pelo contrário, ter uma vila aberta, onde qualquer um que queira, possa fazer parte disso.
Então, ela ainda não é, mas como eu sou cristão, estou profetizando, estou profetizando que vai acontecer em algum momento. Nós vamos ser sim uma vila eco e que vamos ser reconhecidos por ser ecológicos e que vamos receber pessoas de toda parte do mundo para aquele lugar. Ninguém é obrigado a fazer, mas nós cremos na ação do Espírito Santo, que vai nos convencer. Que precisa ter uma mudança ali, que é muito mais profunda do que simplesmente se tornar uma pessoa corretamente ecológica, mas entender que eu faço isso por Deus, entender que isso é meu chamado, que independente se o mundo tivesse explodindo por conta da crise climática ou não, a gente faria a mesma coisa, porque o nosso amor é por Deus. O nosso amor, o relacionamento com a natureza criada passa em Deus primeiro.
Como vocês sobrevivem aí? existe algum apoio?
Atualmente a gente não tem muito apoio, sabe? É muito mais obedecer a Deus e confiar que a missão é dele. Então, não importa se eu tenho ali uma segurança financeira para fazer algo ou não?
O que é que o Senhor está me pedindo para fazer? Se eu não confiar no Senhor, mesmo que eu tenha lá uma entrada X por mês garantida, não terei garantia alguma.
como é que vocês ficaram sabendo do movimento renovar? E por que que vocês decidiram se filiar?
A gente fazia parte de uma organização que eu já tinha relacionamento com eles antes de começar a Ecovila. Eles estavam enviando missionários para fazer prático com a gente. Eu cheguei até dar umas aulas lá sobre sobre essa questão ambiental, relacionamento com a natureza e tudo mais. Só que para nós, como uma organização, não era muito focado em questões ambientais e a gente também quer ter essa oportunidade de estar comunicando essa questão ambiental para as igrejas, levar pessoas lá para serem treinadas como missionários, mas missionários que tenham essa compreensão completa, que aprendam a fazer banheiro seco, agrofloresta, porque essas coisas você pode levar desenvolvimento para qualquer parte do mundo, né?
E aí eu comecei a buscar organizações que entendessem isso. Que pudesse se relacionar, aprender, trocar ideia e me ajudar a entender todo esse processo e também melhorar. E aí, que que aconteceu? Um dia eu estava vendo uma live com a ultimato. vi que que vocês eram da rocha e eu já conhecia, porque eu tinha lido o livro do John Stott e eu falei: caramba, que legal! Vou entrar nesse negócio aí, vou entrar em contato, vou mandar o que eu tenho aqui para dizerem o que eles acham como podem fazer parte disso, eu parte deles, né?
Foi onde eu conheci o Renovar Nosso Mundo e quis fazer parte. Não sei se você sabe, mas a gente está no final de um processo agora também com com a Rocha para para ter o selo Amigos da Rocha.
O maior sonho talvez não seja a Ecovila, concluo. Mas ver coisas parecidas com isso acontecendo em muitas partes. Não sei se vão até onde vão também, né? Mas a maior intenção é essa, encontrar mais pessoas para que a gente realmente possa caminhar juntos e realmente fazer algo relevante. Então, o Renovar tem sido uma benção para mim.
Como você pode orar?
A maior oração que tem no momento não é nesse momento é que o Senhor realmente esteja enviando trabalhadores, porque às vezes não é tão difícil conseguir dinheiro, mas sim espaço para estar falando sobre algumas coisas.
Cada dia mais pessoas querem ouvir, participar de alguma forma, então as pessoas de pouco a pouco tem sim se engajado, mas não é tão fácil assim para as pessoas realmente comprometerem a vida delas de fato.
Qual a missão de Deus? Não só falando de ecoteologia aqui, mas a teologia como como integral.
Nossa oração é para que o Senhor envie trabalhadores não só para esse projeto, mas para todos os outros. Eu raramente encontro alguém que está trabalhando na missão e fala assim: está tranquilo aqui, sabe? Quer um missionário, eu vou mandar pra você. Tá sempre faltando, né?
Então a coisa mais difícil é o recurso humano. O que a gente gostaria é que tivesse mais trabalhadores, pessoas que se engajassem com a vida. Também não vejo que todo mundo tem que sair de da das suas casas, seus trabalhos e vir para a missão, mas aqueles que têm uma vocação, um chamado, que não sejam iludidos por outras coisas que assumam essa responsabilidade.
Quando fizemos a entrevista o Bruno estava esperando a resposta da Rocha referente ao seu projeto, mas agora eles já fazem parte da “Rede Amigos d’A Rocha”.
Tenha mais informações aqui!
Olá, moro em Florianópolis e gostaria de visitar esse projeto, como entro em contato com o Bruno e sua família?