As violações dos direitos dos povos tradicionais afetam todos nós
Introdução
O Tempo da Criação é um evento entre os meses de setembro a outubro que mobiliza igrejas e grupos de trabalho teológico a expor boas práticas focadas no cuidado com a natureza. Oração e prática se unem para celebrar o amor ao meio ambiente.
Por isso, essa live tem a intenção de pré-aquecer os motores para o próximo mês que virá, apresentando por regiões iniciativas que têm sido feitas por cristãos em prol da criação.
REGIÃO SUDESTE
1ª IGREJA BATISTA EM PALMEIRA DE MINAS GERAIS
PASTOR RODRIGO LINS
O pastor comenta que conheceu a Renata, a presidente da comunidade. Ela já estava sendo assessorada pelo movimento “Nós da criação”. A Igreja tem um terreno ocioso de 600 m² que serviu para a criação de uma horta orgânica. O propósito era fornecer alimento para pessoas de baixa renda. Pastor apoiou a ideia e sugeriu duas ideias:
- O espaço poderia servir para criar galinhas poedeiras: a venda dos ovos servirá para apoiar o trabalho do nordestino Julinho Tia Lica focado em agrofloresta.
- Criação de um jardim sensorial: seria um espaço de lazer para escolas e creches. São projetos embrionários, para transformar as ideias em realidade, é necessário muito trabalho envolvendo nivelamento de terreno com tratores. A partir disso, os planos podem ser iniciados.
As duas ações são pontuais com resultados muito expressivos.
Angela Maringoli complementa e cita um projeto em São Paulo iniciado há três anos e cujo objetivo é usar um sítio doado, onde o voluntário Paulo Capelete trabalha para reintegrar moradores de rua nas escolas. Nesse sítio, a produção abastece toda a região de Itaquaquecetuba.
BOLA DE NEVE MISSÃO CANANÉIA (SÃO PAULO)
PASTORA DÉBORA RODRIGUEZ
Ela afirma que já trabalha com a questão ambiental desde antes da conversão: é diretora de uma OSC Ambientalista que fomenta ações em comunidades tradicionais. Após a conversão, ela direcionou as ações para uma base missionária focando em educação ambiental, palestras, acampamentos, alojamentos e técnicas de acesso às comunidades tradicionais. Até porque a igreja trabalha numa perspectiva interdenominacional (receber pessoas de comunidades de outros países).
O diálogo se consolida em torno da permacultura, sistemas de agroflorestas e bioconstrução e ecoteoturismo (ministrar a palavra de Deus em ambientes naturais). Além disso, são trabalhados temas como resiliência psicológica para preparar o missionário.
Eles estão diretamente num território coberto pelos últimos remanescentes da mata atlântica.
Dois importantes parceiros são o sítio Bela Vista e Ad Imirim: ambientes usados para mostrar como a Palavra está inserida no contexto bíblico. A base tem a preocupação de inserir ética ambiental nos cuidados da criação e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para isso, eles contam com diversas técnicas de mitigação dos impactos ambientais (emissão, tratamento e reaproveitamento).
Angela Maringoli cita que essa prática é a teoambientalogia, uma mescla entre biologia e teologia.
IGREJA CRISTÃ REDENÇÃO BAIXADA NA BAIXADA FLUMINENSE.
PASTOR VLADIMIR DE OLIVEIRA SOUZA
O trabalho dele enfatiza direitos humanos, segurança alimentar, diversidade, equidade de gênero, racial e combate à fome.
Além do tradicional culto (reunião dominical), a igreja atende as demandas do terceiro setor. Na concepção de Vladimir, essa articulação é fundamental para a promoção do bem-viver. Os encontros presenciais são feitos num coworking e os encontros virtuais são feitos no Google meeting. Isso possibilita construir estratégias com maior objetividade e assertividade.
Ações ambientais executadas através de articulações entre MST e a Igreja no dia do meio ambiente são exemplos de resultados entregues para os movimentos sociais. A articulação entre Igreja e assentamentos do MST permite a compra de orgânicos e distribuição de cestas básicas, por exemplo. As falas são ecumênicas: há muito diálogo com irmãos católicos no assentamento.
O estudo da Carta do Apóstolo São Tiago mediado pelo livro Torto Arado gerou muitas ideias para pensar a relação entre teologia e campo. Assim, houve a conexão entre Igreja do ambiente urbano com o contexto rural. A Igreja Redenção trabalha em rede com o terceiro setor atendendo à demanda por casas populares. A redenção não se trata de aspectos ontológicos. É uma experiência de cuidado com o natural e o ser humano: o Universo será redimido por orações e práticas generosas.
Angela Maringoli cita três pilares:
- Educação ambiental;
- Educação teológica;
- Teoambientologia
São bases de uma conversa entre educação ambiental e teologia da missão integral. Ela cita o trabalho teórico dela como professora universitária que pratica a teoambientologia: é a teologia na educação ambiental e na educação teológica.
REGIÃO NORTE
IGREJA BATISTA INDEPENDENTE DE MACAPÁ (AMAPÁ)
HÉRCULIS BATISTA
É coordenador de um projeto social chamado “Acolher para Transformar Vidas” focado em desenvolver ações com crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade social. Lá são trabalhados temas como a educação ambiental. Como eles residem no bairro Cidade Nova, muitas pessoas desta região vivem em casas pequenas e moradias paupérrimas. Logo, a Igreja cria vínculos com essa comunidade e difunde princípios cristãos num diálogo ecumênico.
O material que a igreja usa é o “Cuidando da Criação”, cujo objetivo é ativar a consciência ambiental das crianças através da prática. Num caso de sucesso de difusão da educação ambiental, os alunos criaram lixeiras recicláveis. Essa ação facilita a segregação correta dos resíduos e contribui com a melhora ambiental. É a ampliação da consciência ambiental integrada com impacto positivo.
Angela Maringoli complementa a fala e afirma que Hérculis está sendo mais professor do que um missionário propriamente dito.
PRIMEIRA IGREJA BATISTA EM PARINTINS NO AMAZONAS
CARLOS ALEXANDRE GOIS
Ele é um zootecnista e sua igreja atua em diferentes vertentes:
- Sensibilização das pessoas sobre a necessidade de cuidar da criação; Um caso exitoso foi a plantação de mudas para cada vítima do Covid-19
- Atrelar o sustento missionário com a produção orgânica;
- Criação de abelhas indígenas sem ferrão para produção do mel.
São todos projetos pilotos: representam oportunidades de disseminar educação ambiental para muitas outras congregações e gerar renda para comunidades ribeirinhas. Fora isso, é uma chance de refletir sobre as maravilhas do Senhor.
Angela Maringoli comenta sobre o ânimo que os irmãos precisam ter para levar esses projetos adiante.
REGIÃO NORDESTE
IGREJA PRESBITERIANA VIVE LUZ (SOUZA, PARAÍBA)
PASTOR ALMIR PEREIRA
Realiza um trabalho no Sertão da Paraíba, na cidade de Sousa, na área rural. O público alvo são crianças em estado de vulnerabilidade: são 400 crianças e 300 famílias atendidas. Uma vez por ano, as crianças recolhem resíduos nas comunidades e utilizam um carro de som para conscientizar a comunidade. Além disso, os voluntários colocam lixeiras feitas de material reciclável (pneus) em locais de grande concentração de pessoas.
Outro projeto tem como objetivo plantar 80 árvores no canteiro central da comunidade. Por ora, só conseguiram plantar 15 por escassez de recursos. Isso acontece porque cada armação que envolve a árvore custa 90 reais. Querem plantar hortas comunitárias em terrenos baldios da comunidade e reativar a sensação de pertencimento comunitário.
Outra estratégia é colaborar com a prefeitura para que ela forneça recursos financeiros para a compra de lixeiros nas ruas da cidade.
IGREJA BATISTA EM COQUERAL (RECIFE, PERNAMBUCO)
DÁLETHE FLORÊNCIO
Ela situa brevemente o contexto territorial da Igreja:
- Bairro periférico;
- População que vivenciam uma situação de vulnerabilidade socioambiental;
- Sentem efeitos das mudanças climáticas;
Cada contexto exige uma escuta específica, pois existem muitas realidades ambientais. Os cuidados com a casa comum precisam ser bem alinhados com as necessidades das circunstâncias e pessoas. O território é cortado por um rio urbano muito degradado.
Logo, todo o território sofre com inundações. A igreja batista passa a acolher as pessoas vitimadas pelas inundações.
Posteriormente, a igreja desempenhou um papel protagonista em entender as causas da exclusão socioambiental.
Nasce o Instituto Solidare da Igreja Batista Coqueral que busca a revitalização do rio. Há duas frentes de atuação:
- Educação socioambiental: busca pela interdependência entre comunidade e rio;
- Incidência política: reivindicação endereçada aos órgãos públicos. Assim, com a pressão política, planos de ação são elaborados com medidas de curto, médio e longo prazo visando a transformação socioambiental.
Nessa conjuntura, nasce o “Nós da criação”, um grupo de estudos bíblicos que analisa a realidade ambiental e cristã a partir da ecoteologia e leitura popular da Bíblia. O “Nós da Criação” se dissemina pelas diversas regiões do Brasil e se torna um movimento
latino-americano.
Surge, também, o fórum popular de Maceió, um espaço dedicado a proteger os direitos das populações ribeirinhas.
Com isso, é constituída a primeira pastoral ambiental que promove o diálogo entre questões ambientais e igrejas.
Ela cita o projeto “Jovens e agroecologia” que lida com questões agroecológicas no agreste do Pernambuco e no cenário urbano.
“Semear” e “Jardim solidário” são outros projetos que asseguram a segurança alimentar através da venda de mudas de plantas e produção de alimentos. O Instituto Solidare tem parceria com o Vale Luz, um projeto da NeoEngergia Pernambuco, cujo propósito é promover a troca de resíduos sólidos por descontos na conta de energia.
REGIÃO CENTRO-OESTE
UNIÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS DA AMÉRICA DA SUL
RAQUEL AROUCA SUBSTITUINDO O PASTOR JADER
O projeto apresentado foca na instalação de placas solares no Instituto Bíblico Cades Barnéia em Mato Grosso do Sul.
O sistema vai pagar toda a conta de luz do Instituto que é uma igreja cristã indígena.
REGIÃO SUL
IGREJA REFORMADA DE ARAPONGAS DO PARANÁ
PASTOR EDREI
A igreja tem origem holandesa. Nos primórdios, eles chegaram ao Nordeste e ao Paraná. No caso de Arapongas, uma região ao norte do Paraná, está concentrado o segundo maior polo moveleiro do Sul do Brasil. Inicialmente, os fiéis escolheram um terreno para a construção da Igreja em um bairro novo com algumas casas antigas.
Nesse contexto, nos fundos da Igreja, está concentrada uma mata de 3 alqueires e meio. É uma área de preservação com algumas fontes de água. Foram plantadas 1.500 árvores. A igreja pretende que a prefeitura autorize que se feche um alambrado para que a mata seja a entrada dela. A partir de uma parceria com os cursos de engenharia e agronomia da UNOPAR, eles vão ampliar o reflorestamento da região e recuperar mananciais. Eles entraram em contato com a escola local para que os alunos e os professores de biologia possam utilizar o cenário para a educação ambiental.
Além disso, as mulheres da comunidade querem criar uma horta comunitária. Na dimensão da diaconia, eles querem iniciar um projeto de geração de renda para mulheres que fazem crochê, tricô e pintura. Há, ainda, um grupo para dependentes químicos que lidam com seus problemas em uma chácara. A igreja quer aproximar esse grupo com a região reflorestada.
A Igreja tem parceria com o SESI e o SESC para que o lugar seja um espaço cultural e de uso comunitário.
PARÓQUIA DO REDENTOR EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL NO RIO GRANDE DO SUL.
MARGARETH PALACIOS
Faz parte da Pastoral Nova Terra: fica quase no centro de Porto Alegre. Os projetos atendem a cidade de Osório e Maquiné. O reverendo Paulo Duarte citou Jeremias capítulo 31, versículos 17: “há esperança no teu futuro”. A partir dessas palavras, a igreja busca fortalecer uma visão unificadora da natureza e da fé cristã.
A Pastoral Nova Terra impacta nas áreas sociais e eclesiásticas ofertando diversidade de oficinas criativas, tardes de convivências, qualificação em trabalhos manuais reutilizando resíduos, atendimento pastoral, reunião com grupos de mulheres, encontros de espiritualidade, estudos bíblicos, acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Um tópico bastante explorado pela Pastoral Nova Terra é o brechó que une sustentabilidade e bons produtos têxteis com baixos preços. Os lucros do brechó são destinados ao lar de idosos e complementa a renda das pessoas que atuam no brechó. Parte das roupas são destinadas a comunidades de Porto Alegre em situação de vulnerabilidade e comunidades indígenas.
No projeto de horta, a igreja promove a produção e distribuição de mudas com o objetivo de estimular o consumo in natura e a saúde. Usam água da chuva nas hortas e composteiras. A Igreja cria várias conexões com movimentos sociais para ofertar eventos culturais e arrecadar recursos para pessoas em estado de vulnerabilidade social e indígenas.
IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DE FLORIANÓPOLIS EM SANTA CATARINA.
PASTOR VINÍCIUS LIMA
Inicia a fala citando projetos envolvendo revitalização e plantação. A questão ambiental é transversal aos projetos e parcerias.
Ele comenta que trabalha com ecologia desde os anos 80 e, mesmo assim, identifica poucas adesões ao estilo de vida sustentável.
Instiga a reflexão ambiental no cotidiano das pessoas para que decisões maiores sejam tomadas e a realidade mude. São ações locais com consciência global. Integram a missão evangelizadora com a questão ambiental focando nos aspectos:
- Mudança de pensamento a partir do argumento teológico;
- Experiência sensorial e a reconexão com o natural; Por exemplo: meditação próximas de árvores.
- Acolhimento comunitário: engajamento com as pessoas, a igreja e com ações impactantes.
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