Relato: Experiências de Jardim – Trilha sensorial
Introdução
Qual a última vez que você parou para ouvir o canto dos pássaros ou apreciar pôr-do-sol? Essas coisas parecem que não têm espaço na correria da vida. De sol a sol tentamos sobreviver. Estudamos, trabalhamos, buscamos o pão de cada dia, adoecemos. Sim, adoecemos porque o nosso estilo de vida nos coloca num caminho desconectado da criação, do Criador e do nosso próximo.
O resultado disso tudo é que acabamos desconectados de nós mesmos e do propósito para o qual fomo criados. Sem conexão com o nosso Deus Criador e com a sua criação, da qual somos parte, como ter vida plena? Precisamos resgatar essa conexão – nos reconciliarmos com o Criador e com o restante da criação – e assumirmos nossa responsabilidade de cultivar e guardar (Gn. 2.15).
Foi com esse propósito que promovemos uma atividade, no dia 30 de setembro, denominada “Experiências de Jardim – Trilha Sensorial”. Reunimos um pequeno grupo de pessoas num espaço verde de nossa igreja (PIB Parintins), para um momento de pausa, silêncio e reconexão. Numa curta caminhada/trilha, com cinco estações, colocamos as pessoas para terem contato com elementos que aguçam os cinco sentidos: audição, tato, olfato, paladar e visão.
Compartilhamos abaixo o roteiro que nos guiou na atividade para que sirva de inspiração para outras pessoas. Confira e adapte conforme a sua realidade.
ROTEIRO DO EXPERIÊNCIAS DE JARDIM – TRILHA SENSORIAL
Estação 1 – Passarinhar (sentido aguçado: audição)
Explicação: Sentados em círculo, debaixo de uma grande árvore, iniciamos com um exercício de concentração, respiração e relaxamento, com olhos fechados, por alguns minutos. Para provocar a audição, estimulamos os participantes a tentarem ouvir os cantos dos pássaros e a identificarem se sabiam quais espécies estavam cantando.
Reflexão: Vivemos uma vida tão agitada e corrida, num ritmo que nos adoece. Precisamos desacelerar, fazer pausas para calar o barulho ao nosso redor e o barulho que há dentro de nós. Só assim conseguimos ouvir a Deus e ouvir a criação de Deus. E dessa forma perceber o cuidado dele. Por que você anda tão preocupado? Por que você anda tão ansioso? Lembre-se: assim como Deus cuida dos passarinhos, ele também cuida de cada um de nós.
“Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? ‘Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé?” (Mateus 6:26-30).
Sugestão: Ouçam a música “Paz e Comunhão”, de Gladir Cabral
Estação 2 – Tocar a terra (sentido aguçado: tato)
Explicação: Sentados no mesmo local, pedimos para que as pessoas tocassem a terra com as mãos e exploramos a reflexão abaixo.
Reflexão: Qual a última vez que a sua mão tocou a terra? Quando calamos o barulho ao redor e o barulho que há dentro de nós e nos conectamos com Deus, podemos saber quem somos. Não somos o que vestimos, o que temos ou o que aspiramos ser. Não somos nossos títulos ou o que a sociedade nos impões. Pegue na terra. Sinta sua textura. Somos pó, somos terra, somos barro. Foi desse pó que Deus criou vida. Precisamos nos reconectar com Deus e com a sua criação para entender quem somos e que só em Deus temos vida plena, vida que ele sopra em nós, e termos consciência que um dia, ao pó retornaremos. Enquanto temos fôlego, também temos a capacidade de criar, capacidade dada a nós pelo próprio Deus criador. Como você tem usado suas mãos? O que você tem criado?
Sugestão: Ouçam o poema “Cântico da Terra”, de Cora Coralina
Estação 3 – Aroma natural (sentido aguçado: olfato)
Explicação: Saímos de onde estávamos sentados e caminhamos um pouco até o local onde tínhamos alguns pés de capim-santo (também conhecido como capim-limão). Pegamos algumas folhas, demos aos participantes e exploramos a reflexão abaixo.
Reflexão: Deus nos criou com faculdades para perceber e apreciar a sua criação, mas muitas vezes essas faculdades estão atrofiadas, estão distraídas com tantas outras coisas e deixamos de perceber e apreciar tanta coisa boa que Deus criou. Nessa mesma terra, da qual somos feitos, Deus faz brotar e crescer milhares de plantas e vegetais. Ele faz brotar e dá o sol e chuva para fazer crescer, tudo de graça – quanta graça! Qual cheiro é esse que você está sentindo? Sinta o frescor. Sinta a pureza. Isso é de graça, é graça é divino. Infelizmente, em nossa ganância e tolice, temos destruído a natureza criada por Deus. Desmatamos e poluímos os rios e ar. Trocamos o frescor e o cheiro da criação de Deus pela poluição. A Bíblia diz que somos o bom perfume de Cristo e que, por isso, devemos exalar fragrância de vida. Nossas ações no meio ambiente estão exalando vida ou morte? Você percebe quanta coisa boa Deus criou e nos deu gratuitamente? Em gratidão e amor, nosso papel é cultivar e guardar, com zelo e responsabilidade.
Sugestão: Ouçam a música “Teus Altares”, de João Alexandre
Estação 4 – Favo de mel (sentido aguçado: paladar)
Explicação: Continuamos a caminhada mais um pouquinho, avançando na trilha, até chegarmos ao local onde há alguns meses iniciamos um meliponário (uma coleção de colmeias de abelhas sem ferrão). Falamos aos participantes a importância das abelhas e dos serviços que prestam ao meio ambiente e à humanidade. Abrimos uma das caixas onde ficam as abelhas, tiramos o mel na hora e oferecemos aos participantes para provarem.
Reflexão: Deus é tão bom, mas tão bom, que ele nos dá tanta coisa sem nos cobrar nada. Ele nos dá o oxigênio para respirar, nos dá a terra para cultivar e cuidar, nos dá os sentidos para perceber, para sentirmos o cheiro e desfrutar sabores. As abelhas são responsáveis pela polinização de 80% das culturas mundiais. Isto significa que sem abelhas não haveria frutos silvestres, tomates, abacates, couves, maçãs, amêndoas, laranjas, entre muitos, muitos outros alimentos. Além disso, as abelhas produzem a cera, o própolis e o mel. O mel é um alimento natural obtido a partir do néctar das flores somados as enzimas produzidas pelo organismo das abelhas. O mel apresenta um alto valor nutritivo, ele é rico em nutrientes como potássio, cálcio, ferro, vitamina C, D, E e vitaminas do complexo B. Seus compostos bioativos possuem ação anti-inflamatória, antioxidante, antimicrobiana, antibactericida, antibiótica e fortalecedora do sistema imunológico. Agora, abra a boca e prove o mel produzido pela abelha. Deus criou as abelhas e elas fazem um grande serviço gratuitamente para toda a humanidade. E ela nos dá esse delicioso mel de graça. Isso é graça, isso é divino. Só pode ser coisa de Deus, mesmo!
Estação 5 – A glória de Deus (sentido aguçado: visão)
Explicação: O local onde fica o meliponário proporciona uma linda vista para o pôr-do-sol. Nossa ideia era iniciar a trilha por volta das 16h30 e finalizar por volta das 17h30, quando teríamos uma bela vista para o pôr-do-sol. Como não conseguimos iniciar no horário proposto, tivemos que passar pela estação do olfato mais rápido. Na última estação, o sentido aguçado foi a visão e, sem muitas reflexões ou explicações, a proposta foi “apenas” contemplar a glória de Deus se revelando nos céus. Conseguimos apreciar um belo pôr-do-sol. Depois, lemos o Salmo 19, cantamos a música “Grandioso és tu” e oramos. Ao final, voltamos para o local onde iniciamos a trilha, debaixo da grande árvore, e compartilhamos um lanche.